terça-feira, 12 de julho de 2016

(Palavras em verso)

Do culto à morte



O homem cultua a morte
nas cores negras que usam os ocidentais 
diariamente
O homem cultua a morte
no café de meia em meia hora,
no cigarro aspirado com força,
na refeição que não se faz
nos ônibus lotados demais.
Ao atravessar a avenida
o homem de negro não percebe
como é frágil a sua vida
(a linha que o segura a este mundo
é fina como a tênue teia
que vi no jardim ontem à noite)
O homem cultua a morte
imperceptivelmente
insistentemente
No não que se diz por comodismo
no sorriso que não se dá ao outro
na constante ausência de tempo,
o homem cultua a morte.
Um culto inconsciente e querido
que nem sempre se pratica com tristeza.
A força contrária do culto à morte
só se assemelha às paixões e ao desejo...




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